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Os 7 mal entendidos sobre o coaching

Uma prática muito usada e aproveitada nos países do "primeiro mundo" por profissionais das mais diversas áreas, se intensificou  há  alguns  anos no Brasil, ganha hoje  ares de onipresença: é raro encontrar  um programa de desenvolvimento  de  líderes  que não incorpora  algum processo de coaching. E esse modelo parece  se estender  já aos mais variados  tipos de treinamento, se não de fato, pelo menos como intenção  declarada dos gestores de RH. 

No entanto, muitos profissionais  ainda escorregam ao tentar definir qual exatamente  é o papel do Coach. Partindo de uma sugestão de definição, esse artigo busca esclarecer as  7 principais  dúvidas e mal-entendidos  sobre os benefícios  do coaching.

Vamos lá, então que é o coaching?

Entre dezenas de respostas já sugeridas, me agrada muito: “é um  processo  que  contribui  para  o desenvolvimento humano  e  que  a  pessoa  realize  as  mudanças  e  metas  que  deseja”.

Dessa proposta, inferimos:

1. O  coach  não  é  um  terapeuta.

Diferentemente de um terapeuta (do grego therapeia, ato de restabelecer), o coach não  tem o objetivo de curar ninguém. Especificamente  em comparação ao psicólogo, que tipicamente invoca e trabalha o passado, há mais uma fundamental  distinção: o coach dirige o seu olhar para o futuro  e para como criá-lo. Ele discute  soluções e como atingir  objetivos. Ressalta-se  então aqui  a  palavra “metas” em nossa  definição de coaching.

2. O processo  de  coaching  não  pode  ser  imposto.

Pois note que não são metas quaisquer. São as metas da pessoa envolvida no processo, o coachee. O coach nunca determina quais  metas são as mais adequadas ou mais nobres. Simplesmente gera as melhores condições para que o coachee  possa tomar suas próprias decisões. E o próprio trabalho de coaching  não pode ser compulsório, os resultado s são realmente  eficazes apenas  quando a participação  é uma decisão voluntária.

Na verdade, o coaching  reconfigura uma  moldura mental  tradicionalmente  ancorada  em  esperança (passividade de quem espera) ou obediência (a alguém que mandou), transformando-a  em “responsabilidade”, ou seja, ter  a “habilidade” de “responder”, de forma autônoma, aos desafios de mudança.

Pequeno parêntesis: quantos  treinamentos  começam na “sala de aula” com a pergunta “o que vocês desejam com esse programa?” e quão poucos se lembram de acrescentar uma segunda e preciosa questão: “o que vocês farão para atingir esses objetivos?”. O motivo é uma triste crença implícita  de que a responsabilidade  do processo de aprendizagem e crescimento é apenas  do facilitador e não essencialmente compartilhada com quem é treinado.

3. Coaching  é  um  modo  organizado  de  promover  mudanças  pessoais.

Precisamos implementar um processo de coaching para que as pessoas sejam mais inovadoras.” Sim, esta frase pode  fazer sentido, mas apenas se “ser mais inovador” for  algo desejado pelo coachee, dada sua situação atual, e passível de ser traduzido em  metas específicas, em comportamentos claros e observáveis. Aliás, de modo simplificado, mas verdadeiro, são esses os pilares fundamentais do trabalho com o coachee: “entender claramente onde estou hoje”, “aonde  exatamente quero chegar” e “visualizar como chegar”.

4. O  Coach  não  é  um  mentor.

Vale  mencionar a origem etimológica do termo coach: carruagem, um veículo, que contribui  para que você vá do ponto  A ao ponto B. A carruagem não interfere na escolha do seu destino, ela  não julga, não avalia, não dá consultoria. Esse seria o papel de um mentor. Não por acaso, na nossa sugestão de definição de coaching, usamos  o verbo contribuir, e não termos como orientar ou guiar. O coach mais ouve do que fala. Não é uma regra, mas desconfie  muito do coach que  fale mais do que seu coachee  durante uma sessão. As pessoas pedem conselhos não por ignorar o que fazer, mas para compartilhar  a responsabilidade pela decisão. O bom coach nunca  cai na tentação do conselho  fácil.

5. O  coaching  não  é  um  processo  isolado.

Adoro essa frase: “sucesso é um processo, não um evento”. Não adianta pensar  em apenas uma sessão de coaching. Não faz o menor  sentido e a palavra “processo” em nossa definição nos  alerta para isso. Considerando que, via ferramentas de assessment, o potencial  coachee  já  estabeleceu  seu ponto A, e que já  tem  metas razoavelmente claras como ponto B, ainda  assim dificilmente incorporamos menos que  10 sessões de coaching  em programas para líderes.

6. O coaching  é  individual.

Contratei uma sessão de coaching para hoje à tarde, temos 30 pessoas na sala.” Absurdo, não é? Claro! Cada pessoa  tem suas próprias metas, isso seria tudo, menos coaching. Podemos até trabalhar com mais de uma pessoa ao mesmo tempo, mas desde que  elas formem um grupo coeso, com metas claras.

7. O coaching  não  é uma  panaceia  para  todos  os males.

Temos que transformar nossos gerentes em coaches!”. Cuidado com esse grito de guerra: como nos lembra o conceito de liderança  situacional, há muitas  ocasiões  em que os liderados não dispõem, por exemplo, dos conhecimentos  e habilidades necessários para executar uma tarefa, casos em que a atuação do líder como um coach seria inviável. Por outro lado, claro que é útil que gerentes também  saibam como atuar  como coaches, não só junto a pessoas da sua equipe, mas tendo as ferramentas  para serem mais eficazes em alcançar  as mudanças e metas que  eles mesmos desejam.

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